SÃO GABRIEL WEATHER

BRIANE MACHADO

Ghostbusters

Todo dia 31/10 é comemorado o Halloween, nós brasileiros chamamos de Dia das Bruxas e, logicamente, esse ano foi marcado por assistir a algum filme de terror em uma plataforma de streaming.

Crianças e adultos escolhem fantasias, maquiagens, enfeitam suas casas e tornam aquele dia tão "real" que muita gente se assusta mesmo com tamanho requinte de detalhes. Pelo menos uma vez durante a vida já ouvimos ou iremos ouvir a famosa frase "doces ou travessuras?", tipicamente americana.

Suponho que a maioria dos adultos adora inventar sua fantasia, imaginar como será o susto da vizinha e trazer um pouco do imaginário para a realidade.

Aproveitei esse assunto tão fantasioso para trazer um tema que nem sempre nos diverte, mas muitas vezes nos frustra.

Criamos expectativas sobre o que e quem está a nossa volta, numa tentativa falha de, talvez, preencher aquilo que nos falta.

De forma errônea, equivocada, imaginamos uma realidade para tudo e essa fantasia de que tudo acontecerá daquela forma gera um sentimento de culpa e, automaticamente, vem a cobrança.

E agora, você que está lendo deve estar pensando: "Nossa! Olha esse floco de neve puro e sem defeitos querendo escrever sobre as expectativas alheias".

Não, eu já fui a pessoa que idealizava uma vida inteira, desde um simples dia de trabalho até grandes acontecimentos. Até que ouvi de uma amiga que é mais fácil criar um unicórnio do que expectativas.

Jogamos nos outros as responsabilidades daquilo que criamos no imaginário, muitas vezes, sem a menor raiz de veracidade ou, pelo menos, com tom de realidade.

Sonhamos em trabalhar na empresa tal, absorvemos uma realidade que não conhecemos para tornar aprazível aquilo que muitas vezes não é o real objetivo. Quando finalmente conseguimos, vemos que nem isso tudo e nos decepcionamos pela rotina, pela falsa realidade que fizemos questão de cultivar, regando a cada dia com um pouquinho mais de expectativas.

O mesmo acontece quando conhecemos uma pessoa. Seja um relacionamento ou em um vínculo de amizade, depositamos confiança, admiração, respeito e logo atrás vem aquele turbilhão de pensamentos que dá vontade de pisar no freio.

Lá vamos nós fantasias de novo. Não interessa o quão incrível aquela pessoa é e como ela pode te fazer bem, uma hora ou outra, você terá que lidar com a realidade dela. Sim, todos nós temos passado, presente e futuro e é preciso ter a empatia necessária para entrar no mundo do outro sem julgamentos, sem a necessidade de dizer o que ela deveria ter feito naquela situação que o corroeu na infância, há 10, 20, 50 anos.

É nesse momento que tiramos as fantasias, que as máscaras caem e, talvez, nesse momento as expectativas encontram o ralo do banheiro.

Romantizamos demais. Não é papel de ninguém mudar o outro. Isso não deveria partir de alguém que não seja a própria pessoa.

O fato é que conseguimos nos alinhar em objetivos, mas jamais teremos o direito - ou o dever - de transformar uma pessoa naquilo que nos contempla.

Há uma linha tênue entre o que queremos e o que podemos ter. Porém, não é papel do outro corresponder àquilo que alimenta a ilusão cada vez que encosta a cabeça no travesseiro.

Viver a realidade sempre foi a melhor escolha ou você se torna um Caça-fantasma da própria mente.

 

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