SÃO GABRIEL WEATHER

Briane Machado

Gavetas

Dia desses, me peguei pensando em como somos dependentes de coisas que, em um primeiro momento, não fazem tanto sentido.
Por exemplo, eu sou apaixonada - sim, tenho várias - por gavetas. Preciso delas para que tudo esteja, milimetricamente, organizado. Então, não precisa presumir que consigo encontrar o que preciso mesmo se estiver em um apagão.
E a finalidade é essa: tornar tudo mais prático e eficaz.
Quando comprei mesas para o escritório e para o "home office" a exigência era que tivessem gavetas, preferencialmente, mais de uma.
Se eu puder, dentro de cada uma delas terá um organizador para aperfeiçoar o espaço. Obviamente, seguindo uma lógica de organização - se não for pedir muito.
Gavetas são como nossas identidades. É fácil identificar uma pessoa apenas observando a sua gaveta.
Uma gaveta diz muito sobre como somos na vida. Às vezes, extremamente organizados; em outras, uma bagunça sem fim.
A vida de cada um de nós segue uma ordem, é setorizada. Ao menos, deveria ser.
Acontece que, muitas vezes, não sabemos como organizar aquela bagunça em que os fios são jogados em uma gaveta de meias e por lá adquirem nós que nem por milagre são desfeitos.
Mas por qual motivo misturamos tudo na vida se sabemos que as gavetas existem para facilitar a rotina?
A pressa de organizar tudo em um só compasso e de fazer desaparecer aquele infortúnio chamado bagunça sucessiva nos leva a reunir tudo e esconder em um só lugar, na tentativa de fazer desaparecer aquele amontoado de coisas que nem sabemos de onde vieram.
E, então, esquecemos - por um tempo - que elas existem. Afinal, estão "guardadas" na gaveta.
Acontece que, em um determinado momento, precisaremos abrir aquela gaveta. E de lá sairão coisas desnecessárias que não eram o motivo da busca.
Nos deparamos com utensílios que não precisamos mais, mas que nos remetem ao passado, ao que já foi, ao que não precisa ser revisto.
Aquele emaranhado de fios cheios de nós precisará ser arrumado e nos perguntamos o motivo de que tê-lo feito quando ainda estavam quase desfeitos.
Preguiça? Falta de tempo? Último lugar na lista de prioridades?
Inventa-se qualquer desculpa para que o necessário seja postergado. Só que a bagunça da gaveta esquecida diz respeito a quem somos e não a utilidade que ela tem.
Quando não arrumamos as nossas gavetas internas e deixamos para depois o que precisa ser resolvido agora, a tendência é que ela acumule coisas desnecessárias até o ponto em que sentimos dificuldades para fecha-la.
Porém, quando sabemos o devido lugar de cada item, não existe bagunça que supere a organização da vida. Seguimos o fluxo perfeitamente, sem precisar apertar os dedos em uma fresta para empurrar aquela gaveta teimosa.
Se aprendermos a encerrar ciclos nossas gavetas estarão sempre organizadas. A famosa sensação de paz que sentimos quando terminamos de limpar a casa ou de lavar a louça.
Passa longe de ser fácil manter tudo em ordem, mas em longo prazo, conseguimos deixar tudo em conformidade com o que é extremamente necessário para vivermos confortavelmente, sem carregarmos pesos que não nos acrescentam mais.
Se eu puder dar uma dica: organize por ordem de prioridade. A vida também funciona assim.
Engana-se quem acha que refletimos no espelho. As gavetas dizem muito sobre nós.

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