SÃO GABRIEL WEATHER

João Eichbaum

De mal com o mundo?

Se você não tem perdas a chorar, doenças graves a tratar, nem papagaio sem fundo no cartório; se não está com TPM, com prisão de ventre ou com hemorroidas, você não acha que a quarta-feira passada, somando pandemia com dilúvio no Rio Grande do Sul, foi um dos piores dias do ano?
Mas se você tem algum ou todos os males acima enumerados, sendo gremista levou quatro do Flamengo e, naquele dia ainda lhe compartilharam a crônica de um tal de João Eichbaum, falando com menoscabo sobre o papa, reis, rainhas, príncipes e deuses do céu e do STF, aquela quarta-feira, certamente, fui a pior de sua vida.
Nesse caso, você deve ter se sentido como os grandes filósofos da humanidade, aqueles que, não tendo nada mais a fazer, salvo aliviar a coceira no saco, ficam se perguntando: qual é o sentido da vida, donde vim, para onde vou, para o que fui destinado, além de fazer xixi e despachar os incômodos do intestino?
A natureza do homem não o difere da dos outros animais, nesse item: fez dele também um animal gregário, que precisa conviver, precisa contribuir para a perpetuação da espécie. E tal necessidade é sentida principalmente nesse mundo moderno, em que o homem, a serviço de sua comodidade, não se basta si mesmo.
Mas, aí os chineses, para fazer um teste sobre sua intenção de dominar o mundo, inventam um vírus e o espalham no planeta. Pegam todo mundo de calças na mão: governantes, reis, rainhas, políticos, cientistas e até os famigerados "especialistas". Para se proteger, os animais humanos então precisam botar limites na sua necessidade de conviver, têm que se isolar, voltar ao tempo das cavernas.
A pandemia encolheu a convivência e, para muitas pessoas, restringiu o sentido da vida. Pessoas despreparadas, que só sabiam viver impulsionadas pela convivência social, se sentiram desterradas, metidas na caverna do seu ego, emitindo e recebendo mensagens só por whatsapp, face, messenger, etc.
Quatro paredes de um apartamento, numa situação como a que estamos vivendo, equivalem aos ferrolhos de uma prisão, ou às torres de um castelo cercado de águas profundas, sem ponte levadiça. Se faltar luz, então, nem se fala.
Mesmo não morando em apartamento, a vida para pessoas sem criatividade, ou sem talento para sair da mesmice, com a pandemia e esses maus dias de agosto, deve ter sido igual à descida num poço, sem corda para voltar à tona.
Mas, gente como Mozart, Beethoven, Bach e outros, com menos talento mas munidos de habilidades que lhe emprestam sentido à vida, sabem se defender contra o tédio. São pessoas que fazem como as abelhas e as formigas, cumprindo rigorosamente o papel que lhes foi destinado pela natureza, se utilizando de todos os recursos por ela dotadas.
Sim, só o homem doente, incapaz, desnorteado por suas próprias inabilidades, não encontra o sentido da vida contra a pandemia, os dilúvios de agosto ou outros acasos que causem estragos entristecedores. E fica de mal com mundo.

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