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Ricardo Peró Job

Luzes & Sombras

Está tudo liberado

Além de tentar a mutilar a Lei das Estatais a fim de permitir que políticos dirijam empresas públicas e de economia mista, pressionar o Congresso para aumentar de 0,5% para 2% os gastos com propaganda destas empresas públicas, agora o presidente eleito Luiz Inácio da Silva, o "Lula" quer alterar a regra que permite nomear pessoas para ocupar cargos de confiança. Antes da nomeação, até agora é necessário que o indicado receba um atestado de "ficha limpa" da Agência Brasileira de Inteligência. A regra, que existe desde o governo FHC, solicita que a Abin investigue os antecedentes criminais, contas irregulares, pendências na praça e histórico de processos. O problema é que vários dos aspirantes a estes cargos estão enrolados com a Justiça em de processos de corrupção e outros crimes. Portanto, assim como as demais regras que pretendiam dar alguma garantia de no trato do dinheiro público, esta irá para o lixo da história. Mas nada disto é novidade. Sempre fez parte da política dos governos lulistas a compra de apoio parlamentar para aumentar os gastos sem que sejam cortados os privilégios. Pelo contrário: o aumento absurdo do número de ministérios para pelo menos 37, a volta da nomeação de políticos para cargos nas estatais e a legalização do orçamento secreto foram apostas deste governo recém eleito para que os deputados e senadores aprovassem a PEC do Estouro. Já vimos este filme e o final não foi feliz.

Ladrões liberados

Na semana passada o STF determinou a soltura do último ladrão de dinheiro público encarcerado no país, o ex-governador carioca Sérgio Cabral, condenado a mais de 425 anos de prisão. Ao mesmo tempo, o STF, com a desculpa de "desafogar" a população presidiária no Complexo Penitenciário de Curado em Recife, Pernambuco, determinou que seja contado em dobro o período de cumprimento da pena dos detentos. A medida foi assinada pelo ministro Edson Fachin. Cabe lembrar que o mesmo tribunal, juntamente com o TSE, mantém censurados 168 perfis de cidadãos brasileiros nas redes sociais, prende jornalistas, obriga parlamentares a usarem tornozeleiras eletrônicas e mantém um líder indígena na prisão.

Foca ignorante

No mês de agosto de 2001, quando o Talibã retomou o governo do Afeganistão - graças a decisão do presidente Joe Biden de retirar as tropas dos EUA do país - uma entusiasmada "foca" da CNN brasileira, presente à invasão da sede do governo, declarou "ao vivo e à cores" que os membros do grupo, armados até os dentes com fuzis de combate, "pareciam amistosos". Na ocasião, comentei o fato nesta coluna, atribuindo a declaração da moça à sua ignorância e falta de conhecimento histórico, aliado ao seu entusiasmo com a ainda recente ascensão de Biden ao poder. A volta do grupo bárbaro ao poder fez com que a fome voltasse a rondar o país. Hoje, 90% da população consume uma quantidade insuficiente de comida. Os preços de produtos básicos aumentaram 70%, as mulheres foram impedidas de trabalhar, as meninas proibidas de estudar a partir do sexto ano e as execuções de opositores em praça pública voltaram a ser corriqueiras. Esta semana, o governo Talibã proibiu as mulheres afegãs de frequentar o ensino superior no país. Pegas de surpresa, as afegãs foram impedidas de entrar nas universidades nas quais estavam matriculadas por guardas armados, pois o governo havia anunciado a proibição de seu acesso no dia anterior. Será que nossa "comentarista internacional" continua achando que eles "parecem amistosos".

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