Em São Gabriel foi detectado suínos com a "doença de Aujeszky" e o cenário está sendo monitorado pelas lideranças locais do setor. A notícia circulou nas redes sociais, mas Valdecir Folador, Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), explica que se trata de um caso pontual.

A propriedade tinha 40 animais, todos foram abatidos, seguindo as recomendações sanitárias de controle. "Em São Gabriel é inexpressivo na produção, o total de rebanho de suínos é pouco mais de mil animais. Esse foco já está sendo controlado, hoje as equipes da área sanitária já estão fazendo abate sanitário, eliminando o problema. Isso não vai afetar em nada a produção do estado e localmente não muda nada a questão econômica", afirma.

Ainda de acordo com ele, um monitoramento no raio de dois quilômetros da propriedade também será feito nesta semana. "Para monitorar e ver os animais nas outras propriedades. Será seguido todo o protocolo sanitário recomendado para ocorrências deste tipo", afirma.

Complementa ainda que o caso não deve trazer problemas nas exportações brasileiras. O único país que poderia colocar algum impedimento nos embarques seria Rússia, que já não importa grandes volumes da carne brasileira desde 2018.

FORÇA-TAREFA

A identificação positiva de um caso de doença de Aujesky em um exemplar suíno de uma propriedade rural no interior de São Gabriel está motivando a organização de uma força-tarefa para avaliar e quantificar os potenciais focos, com pesquisa de campo e análises técnicas, com o envolvimento de técnicos do Ministério da Agricultura, Inspetoria de Defesa Agropecuária Estadual e Inspetoria Veterinária Municipal, vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. Na manhã desta segunda-feira (26/12), reuniões entre técnicos das inspetorias do Estado e do Município trataram do plano de trabalho desta operação de verificação.

Segundo a diretora do Departamento de Defesa Sanitária e Animal (DDA) da Secretaria de Agricultura do Estado, Rosane Collares, a Doença de Aujesky é uma infecção viral que não é transmissível para o ser humano, mas pode acometer rebanhos e tem período de dois a seis dias de incubação, causando no animal sintomas como tremores, manchas roxas pelo corpo, febre, hipersalivação e outros sintomas, a depender de fatores como a cepa viral, estado imune do rebanho faixa etária dos suínos. A doença pode acometer porcos de criação e também suínos asselvajados, como os javalis, e pode também acometer animais domésticos em contato com as vísceras do porco, como cães e gatos, nos quais pode ser fatal. Nestes, o prurido e a automutilação tornam a doença conhecida como "peste de coçar", e o óbito ocorre de dois a três dias após o aparecimento dos sintomas.

Nos próximos dias, técnicos de inspetorias veterinárias estaduais de regiões acostumadas ao manejo da criação de suínos, como o Norte do Estado, vão integrar a força-tarefa que vai visitar cerca de vinte propriedades do entorno da área de infecção, para colocar em ação o plano de contingência. "São Gabriel não é uma região que tenha a tradição de criação de suínos para exportação, portanto a situação não causará problemas sócio-econômicos, mas certamente exige atenção nos criatórios locais", ressaltou Rosane. Em São Gabriel, a pecuária familiar de suínos é praticada especialmente em um cinturão próximo à zona urbana, além de propriedades de subsistência por todo o interior.

Nesta terça-feira, o servidor estadual Antônio Carlos Ferreira Neto, chefe de gabinete do secretário de Agricultura Domingos Jorge Velho, visita o prefeito Lucas Menezes para tratar de ações visando a contingência desta infecção suína e outras parcerias estratégicas.