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Cátia Liczbinski

Eleições 2022: A representatividade da mulher na política

"Tudo é político quando você é mulher".
A representatividade da mulher na política no Brasil é uma das menores de todos os Países do Mundo. Na América Latina é o terceiro pior lugar com representação parlamentar das mulheres e no mundo 157 de 196 países.
Segundo a ONU (2021), existem 27 países em que as mulheres representam menos de 10% dos parlamentares, incluindo quatro que não possuem sequer uma representante feminina (Iêmen, Vanuatu, Papua-Nova Guiné e Micronésia). Em média, a participação das mulheres nos parlamentos é de 25%. O Brasil está abaixo da média, com menos de 15% de representantes mulheres.
Com 90 anos de voto feminino no Brasil, a participação das mulheres em cargos políticos é tímida. Segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as candidaturas femininas este ano representam 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital, sendo que as mulheres representam 53% do eleitorado do país, o que corresponde a 82 milhões de votantes.
Com a imposição da Lei 12.034/2009 os partidos foram obrigados a inscrever no mínimo 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Ainda tem-se pouca mudança na proporção de mulheres eleitas. Apenas 12% dos municípios do País têm mulheres ocupando cargos em Prefeituras.
Outra situação grave é que as mulheres negras representam 1/3 da população brasileira, mas não ocupam 5% das cadeiras dos parlamentos. Todas as mulheres, mas em especial as negras sofrem violência política, violência física e assédio, além da população LGBTQIA+.
Neste ano para o Senado dos 234 candidatos, 181 são homens e 53 mulheres (22, 5%). Apenas 3 candidaturas indígenas (0,62%). Para Câmara de Deputados são 10.407 candidatos, sendo 3.544 mulheres (34,50%).
Em torno de 70% dos candidatos são brancos, 51% possuem mais de 50 anos, sendo as profissões mais comuns: empresários, agropecuaristas, advogados, médicos, e "deputados, senadores".
As regiões com maior representatividade de mulheres para concorrer aos cargos são: Rio Grande do Norte - 35,54%, Amapá - 35,42%, Goiás - 35,33%.
Em relação às inscrições de mulheres candidatas para 2022, os partidos com maior número de inscritas são: UP - 68,33%, PC do B 45,16%, PSTU - 40,88, PSOL - 39,93%, PV - 38%, PT - 36%, PDT - 33%, PSB - 33%, PL - 31%, NOVO - 31%, sendo o mínimo por lei de 30%.
Nos Estados, das 223 chapas cadastradas para os governos estaduais, apenas 17,5% são lideradas por mulheres, enquanto 39% as têm como vice.
A participação política efetiva das mulheres como candidatas a cargos está relacionada diretamente à questão de gênero, às suas diversas atribuições (trabalho, filhos, lar e outros) e ao machismo estrutural que domina a sociedade. Ainda é presente o invisível das mulheres que ingressam na política, estando nas sombras de homens, líderes de partidos, maridos ou companheiros de chapa, sem autonomia e reconhecimento.
Ainda as mulheres não são vistas pelos partidos e a sociedade como candidatas competitivas. Os líderes não investem e não reconhecem o potencial das mulheres que encontram dificuldades para esse espaço. É preciso observar que as leis e o espaço político são criados pelos homens que dominam, determinando as regras e os arranjos políticos.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres que ocupam posições de liderança política tendem a trabalhar em linhas partidárias por meio de bancadas femininas para defender questões de igualdade de gênero, combate à violência doméstica, direitos das crianças, gestantes, além de reformas eleitorais.
Nesse ritmo, ainda segundo a ONU, existem apenas 26 mulheres atuando como chefes de Estado ou de governo em 24 dos 193 países analisados. A igualdade de gênero nas posições mais altas do poder não será alcançada nos próximos 130 anos.
O caminho é longo, sendo necessário derrubar alguns lugares comuns, entre eles, os de que "mulher não vota em mulher" e "mulher não gosta de política", bem como criar políticas públicas para proporcionar a participação da mulher no espaço parlamentar.

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